sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Pôr-do-Sol

Após um dia de pouco trabalho, no qual permaneceu tímido a maior parte do tempo, o Sol se despedia das nuvens beijando-lhes a face branca, que, envergonhadas, ruborizaram-se em tons de vermelho, laranja e rosa. O manto escuro da noite já se desenrolava lá em cima e ia sendo pregado ao firmamento, cada estrela, um botão. Enquanto um último quinhão de luz atrasado corria para esconder-se atrás de um monte, era observado por um par de olhos indiferentes à indiferença das pessoas ao redor. Sentada ali naquela praça, construída no lugar mais alto da cidade, Maria era a única espectadora daquela valsa de luzes e cores.

Naquele cenário, poderia ela própria fazer parte do espetáculo, pois sua beleza em nada devia a das estrelas de luzes fugidias. Era um presente da natureza aos olhos humanos. Dos pêssegos emprestou a textura da pele e, do mel, a cor. As pérolas mais raras que se formam em milhares de anos invejavam seus dentes alinhados em um sorriso brilhante envolto em lábios delicados como a seda. A cor dos olhos veio da noite sem estrelas, e o oceano lhes concedeu sua profundidade. Não pode-se dizer que caminhava, mas bailava em harmonia de formas e gestos. Mas, sentada ali naquela praça, permanecia imóvel como uma obra-prima esperando um artista que eternize sua glória.

Repetia esse ritual sempre que possível e sempre que o Sol estivesse disposto a exibir-se em sua retirada como hoje. Ao olhar na direção do poente, não pensava exatamente na beleza de tudo aquilo. Pensava nas centenas de pessoas que por ali passavam e não notavam a natureza pedindo atenção. Perguntava-se se existiam realmente pessoas sensíveis como nos livros de Shakespeare ou nos filmes de amor ou ainda, quem dera, como nos contos de fadas, princesas e príncipes. Sonhava com a vinda de um nobre mancebo que comparasse seus olhos às estrelas como fez Romeu, que lhe trouxesse uma sapatilha de cristal, que brandisse sua espada e a salvasse de um dragão. Ou que ao menos compreendesse a beleza de um pôr-de-Sol.

Seus pensamentos foram trazidos de volta à terra firme ao perceber que um rapaz se aproximava. Achou que ele era bem apessoado e sentiu uma estranha atração por ele. Ele pediu licença, sentou-se ao lado dela e ficou um minuto olhando para o horizonte que dava as boas vindas à nova noite e suas estrelas. “Poderá ser este?”- perguntou ela a si mesma. O moço virou-se para ela com um olhar penetrante, ensaiando as palavras perfeitas para a ocasião, hesitou por um momento e, finalmente, disse:

- Putz, você é muito gata! Tem MSN?

sábado, 2 de janeiro de 2010

10 razões para NÃO ser um goleiro

 

1- Ficar o jogo todo lá atrás vendo o time jogar mal e não poder fazer nada além de berrar “Marca! Marca! Marcaaaaa!”

Uma solidão que dói.

2- Todo mundo achar que você é goleiro só porque não sabe jogar na linha. E o pior: isso ser verdade.

3- Não ter o direito de descansar, porque todo mundo acha que goleiro na cansa… Peça para alguém cair no chão e levantar 30 vezes e dizer se cansa ou não…

4- Usar camisas de cores berrantes (deve ser pra ofuscar a visão dos atacantes). E as calças então? Coladinhas, justinhas: gays, muito gays. E quentes. E o goleiro não pode ficar correndo pra lá e pra cá pra resfriar o suor das pernas, o jeito é aguentar o jogo todo com aquela sensação estranha e nojenta. Tem também as luvas enormes, que te impedem de dar aquela coçadinha no nariz.

5- Já levou uma bolada naquele lugar?

6- Se um atacante perde um gol, nada muda. Mas se o goleiro toma um gol, a culpa da eventual derrota é quase sempre dele.

7- Mergulhar de cara em uma bola na qual o zagueiro vai com as travas da chuteira.

8- Confusão no estádio. Torcida ensandecida dá na louca de arremessar objetos no campo. Quem é o bobão que fica próximo da arquibancada e, ainda por cima, parado? Isso mesmo, o goleiro. Nesse caso, ele recebe as pedradas, cadeiradas, garrafadas, guarda-chuvadas, pauladas, cusparadas, mijadas, sapatadas e hot-dogadas.

9- Se um atacante erra um gol feito, ele errou, e pronto. Agora se o goleiro erra, isso tem até nome técnico: FRANGO. Um único frango é capaz de manchar toda a carreira de um goleiro. Depois dele e do drible da Vaca, qualquer goleiro se torna vegetariano.

10- Só ressaltando a razão nº 5.