quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Luto


Há tempos em que procuramos respostas,

e tempos em que elas nos perseguem

e nos alcançam

e laçam nossas mãos.

É quando percebemos que as lágrimas mais amargas são as que brotam nos olhos de quem amamos.

Os porquês não passam se armadilhas inúteis; não queremos a verdade, não suportamos olhar para sua face podre
e fétida. Talvez nem mesmo haja uma verdade, mas precisamos do teatro, dos rituais, dos analgésicos metafísicos.

Lá fora, pessoas riem, bebês nascem, mendigos perambulam, estudantes se formam, poetas escrevem, guerras continuam. Mas enxergamos tudo pela fresta do egoísmo, um gigantesco cenário para nós, os atores principais.
Por que me abandonaste? Perguntou o Cristo, e o silêncio foi a resposta.

O silêncio sempre é a resposta.
Tragédias acontecem, mas não há tremores, o véu do templo permanece intacto , e o dia segue azul e indiferente.
Feliz é aquele digno de lágrimas, e felizes aqueles cujas lágrimas ainda não secaram. Teimosia úmida em solo de desesperança.

Dor inconsolável: preço de ser humano.

Se até o Filho de Deus chorou ante a morte, que faremos nós?
O pó ao qual voltaremos estará encharcado pelo pranto inocente.
Se lastimamos? Cilada.
Silêncio.

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