Canelas apressadas vão em todas as direções. Mãos abertas oscilam no ar. Pulsos ostentam relógios tiquetaqueantes. No terminal rodoviário, o agora é onipresente.
As pessoas, formiguinhas, partículas caóticas, movimentam-se de um lado a outro em busca da sua direção. Há também os que esperam e os que correm. Mas a pressa que devoram não lhes confere vida alguma. No terminal rodoviário, o tempo se distorce.
Aqui e acolá despontam abraços de alívio ou de angústia. E também lágrimas, de reencontro ou de separação, algumas tímidas, outras inéditas, outras secas. No terminal rodoviário, o lugar da despedida é sempre um abraço. E cada adeus a Deus somente cabe testemunhar.
Pessoas partem. Corações se partem. Mas os que chegam sempre voltam com mais bagagem.
Eles vão e vêm. E vêem em vão o outro diminuindo no horizonte.
Ao longe, no terminal rodoviário, mãos que acenam adeus são iguais as que acenam bem-vindo.
São idas e vindas tão fugazes quanto a onda que, ao ser quebrada, retorna ao mar que lhe cuspiu.
No terminal rodoviário, as pessoas estão doentes. Pacientes impacientes. Contaminados de saudade, doença terminal.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Texto
Saudações. Permita-me que eu me apresente: sou um texto, como já deves ter percebido. Não tenho nome marcante, não sou príncipe, nem conde e tampouco barão. Meu único título é este aí de cima. Como vim parar aqui não sei. Talvez tenha sido escrito, ou simplesmente cuspido, só sei que aqui estou eu. Tu sabes como fostes parar aí onde estás? Quem te escreveu ou cuspiu? Quanto a mim, não encontrarás em meu corpo grandes defeitos ortográficos ou doenças verbais, mas sei que estou longe de ser elegante. Mas não culpo meu autor, como já disse, o desconheço.
Não se engane: eu não tenho nada a dizer. Porque é que todos acham que os textos devem sempre dizer algo? Justo nós que temos uma existência tão breve que só dura enquanto pousam os olhos sobre nós, sedentos de informação, distração, emoção ou qualquer coisa que um texto possa proporcionar. Mas não este que vos fala. Ao que me parece eu bem poderia ficar um tempo em silêncio.
Viu só?
TAMBÉM POSSO GRITAR!
Oufalartudodeumavezsemrespirarnemperderofôlego.
De qualquer forma, obrigado pela companhia, foram excelentes minutinhos. Se sou um bom texto espero ter, igualmente, lido-te também.
E aqui está ele.
Não se engane: eu não tenho nada a dizer. Porque é que todos acham que os textos devem sempre dizer algo? Justo nós que temos uma existência tão breve que só dura enquanto pousam os olhos sobre nós, sedentos de informação, distração, emoção ou qualquer coisa que um texto possa proporcionar. Mas não este que vos fala. Ao que me parece eu bem poderia ficar um tempo em silêncio.
Viu só?
TAMBÉM POSSO GRITAR!
Oufalartudodeumavezsemrespirarnemperderofôlego.
Se assim lhe agradarTambém posso rimar.
Posso ir daqui
até lá.
Mas estas pequenas margens
são o limite do meu mundo.
Portanto, a única maneira de manter alguma chama viva de minha natureza é em forma de pensamento, mesmo que esta chama se apague fugazmente um tempo depois. Se pensares em mim, então, viverei um pouco mais. Do contrário, sou como qualquer outro de teus semelhantes: apareço em tua vida, andamos de mãos dadas e nos despedimos na próxima estação.
De qualquer forma, obrigado pela companhia, foram excelentes minutinhos. Se sou um bom texto espero ter, igualmente, lido-te também.
Devo partir agora. Na linha-férrea da existência saltarei no próximo ponto.
E aqui está ele.
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