sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Doença Terminal

Canelas apressadas vão em todas as direções. Mãos abertas oscilam no ar. Pulsos ostentam relógios tiquetaqueantes. No terminal rodoviário, o agora é onipresente.

DespedidaAs pessoas, formiguinhas, partículas caóticas, movimentam-se de um lado a outro em busca da sua direção. Há também os que esperam e os que correm. Mas a pressa que devoram não lhes confere vida alguma. No terminal rodoviário, o tempo se distorce.

Aqui e acolá despontam abraços de alívio ou de angústia. E também lágrimas, de reencontro ou de separação, algumas tímidas, outras inéditas, outras secas. No terminal rodoviário, o lugar da despedida é sempre um abraço. E cada adeus a Deus somente cabe testemunhar.

Pessoas partem. Corações se partem. Mas os que chegam sempre voltam com mais bagagem.

Eles vão e vêm. E vêem em vão o outro diminuindo no horizonte.

Ao longe, no terminal rodoviário, mãos que acenam adeus são iguais as que acenam bem-vindo.
São idas e vindas tão fugazes quanto a onda que, ao ser quebrada, retorna ao mar que lhe cuspiu.

No terminal rodoviário, as pessoas estão doentes. Pacientes impacientes. Contaminados de saudade, doença terminal.

2 comentários:

  1. Sutilezas. Muito bonito. Gostei de como vc consegue colocar em palavras, descrevendo um sentimento tao unico que eh a saudade e mostrando a ambiguidade que existe em simples gestos das pessoas, num local publico, simples e do cotidiano. Olhar perspicaz. Parabens!
    Nina.

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  2. Lucas, obrigada pela visita ao onzepalavras e pela acholhida aqui no seu espaço. Seu blog é muito bacana, e nas palavras, penso que todos somos humildes diante dos grandes escritores que lemos vorazmente. Seu texto é muito bom. Agora você tem mais um leitora.

    Ana

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