Canelas apressadas vão em todas as direções. Mãos abertas oscilam no ar. Pulsos ostentam relógios tiquetaqueantes. No terminal rodoviário, o agora é onipresente.
As pessoas, formiguinhas, partículas caóticas, movimentam-se de um lado a outro em busca da sua direção. Há também os que esperam e os que correm. Mas a pressa que devoram não lhes confere vida alguma. No terminal rodoviário, o tempo se distorce.
Aqui e acolá despontam abraços de alívio ou de angústia. E também lágrimas, de reencontro ou de separação, algumas tímidas, outras inéditas, outras secas. No terminal rodoviário, o lugar da despedida é sempre um abraço. E cada adeus a Deus somente cabe testemunhar.
Pessoas partem. Corações se partem. Mas os que chegam sempre voltam com mais bagagem.
Eles vão e vêm. E vêem em vão o outro diminuindo no horizonte.
Ao longe, no terminal rodoviário, mãos que acenam adeus são iguais as que acenam bem-vindo.
São idas e vindas tão fugazes quanto a onda que, ao ser quebrada, retorna ao mar que lhe cuspiu.
No terminal rodoviário, as pessoas estão doentes. Pacientes impacientes. Contaminados de saudade, doença terminal.
Sutilezas. Muito bonito. Gostei de como vc consegue colocar em palavras, descrevendo um sentimento tao unico que eh a saudade e mostrando a ambiguidade que existe em simples gestos das pessoas, num local publico, simples e do cotidiano. Olhar perspicaz. Parabens!
ResponderExcluirNina.
Lucas, obrigada pela visita ao onzepalavras e pela acholhida aqui no seu espaço. Seu blog é muito bacana, e nas palavras, penso que todos somos humildes diante dos grandes escritores que lemos vorazmente. Seu texto é muito bom. Agora você tem mais um leitora.
ResponderExcluirAna